7 de abril de 2011

Sou contra as usinas nucleares

Ontem, falei em plenário sobre dois assuntos: as usinas nucleares e a situação da saúde. Dois assuntos ligados à vida, ao nosso bem maior.
"Querida Presidente desta sessão, Deputada Vanessa Damo, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, telespectadores da TV Assembleia, primeiramente quero cumprimentar o nobre Deputado Luis Carlos Gondim em relação a sua preocupação com a energia atômica, essas usinas que podem causar os desastres, como aconteceu em Fukushima, no Japão, como aconteceu em Chernobyl, que já matou mais de 80 mil pessoas. É muito grave. Imagine por exemplo ter um o vazamento em Angra dos Reis, entre as duas cidades maiores do nosso país, Rio de Janeiro e São Paulo, fora as cidades como Taubaté, São José dos Campos, e outras, será talvez a falência do nosso país. Lembro quando em 1982, assumimos como vereador em São Paulo, o Governo Montoro, que é do nosso partido, do PMDB, tinha um projeto de colocar em Guape, uma usina atômica, que foi graças a deus foi eliminado. Mas, hoje, estou assomando à tribuna não como médico, mas como parlamentar, que está preocupado com a saúde da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país. Amanhã, dia 7 de abril, se comemora o Dia Mundial da Saúde. Mas, se fizermos uma reflexão, verdadeiramente, talvez não venhamos a comemorar o Dia Mundial da Saúde. Talvez estejamos comemorando o Dia Mundial da Doença. Porque em qualquer lugar que a gente vá, em qualquer cidade, desse país, nós encontramos filas de pessoas que estão lá procurando a saúde. E na maioria das vezes não encontram. Filas e filas, horas e horas, principalmente gente humilde, que não consegue nem pagar uma passagem de ônibus, estão lá enfileiradas, buscando saúde, buscando atendimento médico-hospitalar que às vezes não consegue. Que cidade, que país é este? Temos que revolucionar isso. Amanhã, nós teremos uma manifestação da classe médica, dos trabalhadores da saúde, dizendo não aos exploradores, àqueles que pagam uma miséria numa intervenção cirúrgica, no atendimento de consulta, para os conveniados. E o pior é que a população que paga o convênio, e paga muito, fica também enfileirada. As pessoas não conseguem uma consulta, uma cirurgia no tempo adequado. Pagamos muito, e não temos em contrapartida o atendimento médico-hospitalar decente e as pessoas ficam enfileiradas também como os pobres, que ficam nos hospitais públicos, como temos visto. É lamentável. Amanhã teremos essa manifestação dos médicos. Se Deus me permitir, estarei lá junto com os meus colegas para reivindicar para a população. O convênio subiu muito, os valores são escorchantes. Subiu muito, talvez mais do que os juros de mercado. E o salário? E o pagamento das intervenções dos médicos, seja uma cesárea, um parto, uma cirurgia de grande, médio ou pequeno porte, consultas, tudo é mal pago. E não se respeita o médico. O médico pede um exame, e não consegue. O médico pede uma ultra-sonografia, uma ressonância magnética e parece que é o inferno. E não permite que o médico use desses exames complementares que vai facilitar o diagnóstico. O atendimento médico cai. A qualidade cai. E é por isso que todas as suas associações médicas, os conselhos, os sindicatos, estão todos irmanados, buscando dizer que está muito errado o atendimento médico-hospitalar no nosso país. Por isso, então, eu digo que amanhã talvez não seja o Dia Mundial da Saúde. É o dia mundial da doença, que nós queremos nos próximos anos comemorar o Dia Mundial da Saúde. Porque a saúde é um bem maior. A saúde é inerente a qualquer ser humano, a qualquer cidadão. E isso é negado. É negado indiretamente às vezes por maus empresários, que fazem da medicina uma empresa para enriquecer, explorando os trabalhadores da saúde e principalmente os médicos. E temos que dizer que isso está errado. Temos que corrigir. Errar é humano, persistir no erro é pior ainda. E é por isso que temos que nos mobilizar. Faremos uma das manifestações em frente ao Masp. De qualquer forma, teremos manifestações em todos os lugares, para dizer que não estamos contentes com essas condições. E mostrar aos maus empresários, àqueles que exploram a saúde, que não deveriam estar explorando, porque saúde deveria ser e é direito de qualquer cidadão e obrigação do estado também, do órgão público, seja municipal, estadual ou federal. São todos irmanados, buscando atender a todos, e infelizmente para muitas falhas. Mas eu fico refletindo quantas mães, quantos pais não choram naqueles momentos que vão ao hospital e não encontram o atendimento e pessoas que não podem pagar um atendimento particular. Pessoas que ficam na chuva. Pessoas que sofrem até para chegar ao hospital, para pagar uma passagem de ônibus. E meu filho que também é médico pergunta:” Pai, por que você não faz um projeto, uma lei em São Paulo, que possa irradiar para todo o país, porque tudo que se faz em São Paulo irradia para todo o país, para fazer com que o hospital, que demorar o atendimento em mais de meia hora, pelo menos, possa dar um lanche, uma sopinha para aquela pessoa que está na fila, que é carente. Porque a comida, o alimento, é realmente um remédio. Um corpo nutrido, bem alimentado, dificilmente vai ficar doente. Tem mais a resistência às doenças. Eu aprovei o projeto, mas foi vetado pelo Executivo. Eu não consegui ainda trazer a São Paulo, para o nosso país um projeto que possa fazer um pouquinho de justiça àquele que não consegue comprar uma passagem de ônibus para ir ao hospital, que fica mais meia hora esperando, uma hora, não. Muito mais, todos nós sabemos. Ficam lá 3, 4 , 5 horas com fome, porque não tem dinheiro para comprar alimento, está doente e não consegue nem se alimentar e sabemos, como médicos, que o alimento é remédio. Então, esta é a situação do país em que vivemos. É um país que é diferente do Japão, onde há tsunamis, terremotos, nevascas, tudo que atrapalha a produção. O nosso país foi abençoado por Deus. Aqui não temos essas intempéries, como desertos, terremotos, nevascas. E quando temos um pouquinho de neve em São Joaquim, todos querem ver, porque brasileiro não conhece neve, pelo menos aqueles que não foram ao exterior. Então, é um país abençoado por Deus, por toda a produção agrícola e agroindustrial que temos. E infelizmente, não é priorizado. E a agricultura gera emprego, e é por isso que temos que batalhar muito, dar prioridade a agroindústria, para que possamos caminhar junto com a saúde, porque alimentação, nutrição, anda de mãos dadas com a saúde, não são só os remédios. Alimento também é saúde. Então, Sra. Presidente, Vanessa Damo, que defende a região do Grande ABC, mas também sabe da importância que tem a agroindústria, termino a minha fala agradecendo ao agradecendo ao Deputado André Soares que me concedeu, através da permuta de tempo, esta oportunidade de dizer aqui, um dia antes do Dia Mundial da Saúde, hipotecando solidariedade, o apoio total e irrestrito à classe médica que está sendo esmagada, explorada e deteriorada. Muito obrigado."

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